JSON vs FlatBuffers: Comparação e Aplicações em Sistemas Críticos

Wagner Iatalessi do Valle
5 min readDec 15, 2024

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Nos últimos anos, com o crescimento exponencial das aplicações em tempo real, baixa latência e mobile, a eficiência na serialização e desserialização de dados tornou-se crítica. Neste contexto, JSON e FlatBuffers surgem como duas abordagens populares, mas com finalidades distintas. Neste artigo, exploraremos as características, desempenho, casos de uso e vantagens de cada um, especialmente para sistemas críticos e de alta performance.

O que é JSON?

JSON (JavaScript Object Notation) é um formato leve de troca de dados, amplamente adotado devido à sua simplicidade e facilidade de leitura tanto por humanos quanto por máquinas. Ele é baseado em texto e possui uma estrutura hierárquica (objetos e arrays).

Características do JSON:

Formato de texto puro: Fácil de ler e depurar.

Independente de linguagem: Pode ser utilizado em praticamente qualquer linguagem de programação.

Ampla adoção: JSON é o padrão para APIs RESTful e intercâmbio de dados.

Facilidade de uso: Não requer esquemas rígidos.

Vantagens:

Simples de implementar e consumir.

Perfeito para aplicações onde a legibilidade e a compatibilidade são mais importantes que a performance.

Desvantagens:

Alto custo de desserialização: JSON precisa ser convertido de texto para objeto em tempo de execução.

Não suporta estruturas de dados complexas de forma eficiente.

Arquivos grandes resultam em lentidão e alto consumo de memória.

O que é FlatBuffers?

FlatBuffers, criado pelo Google, é uma biblioteca de serialização de dados focada em baixa latência e alto desempenho, especialmente para sistemas em tempo real, jogos e aplicações móveis.

Diferentemente do JSON, o FlatBuffers evita a desserialização ao acessar os dados diretamente no buffer binário, o que o torna extremamente eficiente.

Características do FlatBuffers:

Formato binário compacto: Economiza espaço em comparação ao JSON.

Acesso direto aos dados: Elimina a necessidade de parsing e desserialização.

Performance otimizada: É até 10x mais rápido que JSON em leituras de dados.

Compatível com múltiplas linguagens: Suporte a C++, Java, C#, Go, Python, JavaScript e outras.

Ideal para sistemas de tempo real e mobile: Menor uso de CPU e memória.

Vantagens:

Altíssima performance: Dados podem ser lidos diretamente do buffer.

Eficiente em memória: Reduz overhead e consumo de recursos.

Suporte a esquemas evolutivos: Permite atualizar estruturas de dados sem quebra de compatibilidade.

Desvantagens:

Mais complexo de implementar em comparação ao JSON.

Por ser um formato binário, a legibilidade do dado é sacrificada.

Comparação de Desempenho: JSON vs FlatBuffers

Desserialização:

JSON: Converte texto para objeto, o que pode ser lento para grandes volumes de dados.

FlatBuffers: Permite acesso direto aos dados sem desserialização, resultando em leitura extremamente rápida.

Uso de Memória:

JSON: Cria cópias dos dados durante o parsing, ocupando mais memória.

FlatBuffers: Lê diretamente do buffer, eliminando cópias e reduzindo o consumo de memória.

Tempo de Serialização:

FlatBuffers é otimizado tanto para serialização quanto para desserialização, enquanto JSON tende a ser mais lento em ambas as operações.

Quando Usar FlatBuffers em Sistemas Críticos

FlatBuffers é ideal em cenários onde:

Baixa latência é essencial (ex: jogos, sistemas em tempo real, processamento financeiro).

Há a necessidade de economia de memória (aplicações móveis e embarcadas).

Grandes volumes de dados precisam ser processados rapidamente.

Caso de Uso Real: Google e Unity

O FlatBuffers foi criado pelo Google e é amplamente utilizado em jogos desenvolvidos na Unity Engine. A implementação do FlatBuffers permitiu aos desenvolvedores reduzir o tempo de carregamento e a latência das operações, mantendo o uso de memória baixo. Em jogos como Clash Royale e Pokémon GO, a necessidade de acesso rápido aos dados foi solucionada com FlatBuffers.

FlatBuffers no Mobile

FlatBuffers é altamente adequado para aplicações mobile, especialmente onde:

A CPU é limitada.

O consumo de memória precisa ser mínimo.

Aplicativos exigem alta responsividade.

Ganhos no Mobile:

Reduz o tempo de carregamento de dados.

Minimiza o uso de CPU e bateria.

Melhora a performance de aplicativos com grandes volumes de dados.

Empresas como o Google usam FlatBuffers no Android para otimizar a troca de dados em serviços como o Android Auto e outros sistemas embarcados.

Comparativo Resumido

Há alguns riscos de segurança ao utilizar FlatBuffers em aplicativos financeiros, embora essa tecnologia seja projetada para ser eficiente e segura.

Manipulação de Dados não Confiáveis:

FlatBuffers não valida automaticamente os dados recebidos. Um atacante pode enviar um buffer malformado para explorar falhas na validação manual.

Sempre valide a entrada antes de processá-la e use verificações de integridade.

Buffer Overflow:

Se a implementação do FlatBuffers for incorreta, pode ocorrer buffer overflow, especialmente ao manipular grandes volumes de dados.

Use bibliotecas oficiais e mantenha-as atualizadas para evitar vulnerabilidades conhecidas.

Falhas de Autenticação e Criptografia:

FlatBuffers não oferece criptografia nativa ou autenticação de dados. Se usado sem uma camada de segurança, dados sensíveis podem ser interceptados.

Use TLS/SSL para comunicação segura e implemente autenticação adequada.

Exposição de Dados Sensíveis:

Se as estruturas de dados em buffers contiverem informações financeiras sensíveis, um ataque bem-sucedido pode levar à exposição de dados.

Minimize a inclusão de dados confidenciais e use técnicas de ofuscação ou criptografia.

Ataques de Desserialização Maliciosa:

Se um atacante conseguir manipular o conteúdo de um buffer, pode injetar código malicioso.

Evite desserialização de fontes não confiáveis e implemente verificações rigorosas.

FlatBuffers é uma tecnologia eficiente para aplicativos financeiros, mas sua implementação exige práticas robustas de segurança, como validação de dados, uso de criptografia e prevenção de ataques de desserialização. Isso garante que o desempenho seja maximizado sem comprometer a segurança.

Conclusão

Embora JSON continue sendo amplamente adotado por sua simplicidade, o FlatBuffers se destaca em cenários de alta performance, baixa latência e eficiência de memória. Para sistemas críticos, aplicações móveis ou tempo real, FlatBuffers entrega resultados superiores, como demonstrado em jogos, sistemas embarcados e plataformas de alto desempenho.

Se sua aplicação envolve grandes volumes de dados e você busca eficiência máxima, FlatBuffers é a escolha certa.

Referências

Google FlatBuffers — https://google.github.io/flatbuffers/

Unity FlatBuffers Use Case — https://docs.unity3d.com

JSON Documentation — https://www.json.org

Benchmarks JSON vs FlatBuffers — https://github.com/google/flatbuffers

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Wagner Iatalessi do Valle
Wagner Iatalessi do Valle

Written by Wagner Iatalessi do Valle

Desenvolvi minha carreira na área da Tecnologia da Informação, atuando em empresas nacionais e multinacionais de grande porte nos segmentos de tecnologia.

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